A Comissão de Ética da Presidência decidiu nesta segunda-feira (11)
abrir procedimento para investigar a viagem do ministro Fernando
Pimentel em avião fretado pelo empresário João Dória Jr, presidente do
Lide (Grupo de Líderes Empresariais).
Em outubro de 2011, Pimentel estava na Bulgária, em comitiva
presidencial, antes de embarcar para Roma, onde palestrou em evento do
grupo.
A viagem do ministro à Europa começou em 1º de outubro de 2011, quando
ele chegou à Bulgária na comitiva da presidente Dilma Rousseff. Cinco
dias depois, foi para Roma no avião fretado e, no dia 7, palestrou em
seminário do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), de Dória Jr. No dia
8, pegou voo comercial, custeado pela União, para voltar ao Brasil. O
caso foi revelado pelo site "Terra Magazine".
Pela semana de trabalho na Europa, o ministro recebeu R$ 5.593 em diárias para despesas de hospedagem e alimentação.
Em maio, a Folha apurou que o Pimentel omitiu ter pego carona em
avião fretado pelo empresário. Relatório público de despesas disponível
no site do ministério afirma que o trajeto de Sofia (Bulgária) a Roma
foi feito em "veículo oficial", e não em avião privado. O documento contraria a versão do ministro, que diz ter consultado a
Comissão de Ética
Pública da Presidência antes de aceitar a carona. O
uso do avião fretado também não constou da agenda pública de Pimentel.
Segundo o Código de Conduta da Alta Administração Federal, ele poderia
participar de seminários com remuneração e transporte pagos pelos
organizadores, mas teria de tornar pública essa informação, o que não
ocorreu.
O ministro e o empresário afirmam que a palestra foi gratuita. Eles
dizem que Pimentel pegou carona porque não teria tempo hábil de, em
avião de carreira, chegar a Roma para o evento.
CONSULTORIAS
A Comissão de Ética da Presidência da República também decidiu pedir,
pela terceira vez, mais informações ao ministro Fernando Pimentel
(Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) sobre consultorias
realizadas por ele entre os anos de 2009 e 2010. De acordo com o
presidente da Comissão Sepúlveda Pertence, os conselheiros querem
detalhes sobre o encerramento dos contratos com as empresas.
Apesar do voto do relator Fábio Coutinho -- acompanhado pela conselheira
Marília Murici -- favorável a uma pena de "advertência" a Pimentel no
caso das consultorias, os demais integrantes da Comissão votaram pela
instalação de um processo de "diligência", em que o ministro deverá
fornecer novos documentos solicitados pelos conselheiros. De acordo com o
presidente Sepúlveda Pertence, o procedimento servirá para "esclarecer
pontos que pareceram duvidosos".
"Ele apresentou as explicações e nos parece que há pontos que merecem
ser melhor esclarecidos. Nós queremos saber exatamente,
documentadamente, o encerramento das relações contratuais de
consultoria. [...] A Comissão, como qualquer tribunal, enquanto não se
sente esclarecida, o dever é converter em diligência para apurar
melhor", explicou Pertence após a reunião.
Ainda não há prazo para que Pimentel apresente as novas explicações. A
assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio informou que o ministro ainda não foi notificado da decisão e,
assim que tiver conhecimento do caso, fornecerá a documentação
solicitada.
A comissão também poderá solicitar documentos às empresas que utilizaram
a consultoria, como por exemplo a Federação das Indústrias de Minas
Gerais.
INVESTIGAÇÃO
Esta é a terceira vez que a Comissão de Ética da Presidência oferece
mais prazo para que o ministro dê explicações. O procedimento para
investigar consultorias realizadas pelo ministro Fernando Pimentel foi
aberto em fevereiro, Aa partir de pedido do PSDB, protocolado em
dezembro, para abertura de processo administrativo para a apuração da
conduta do ministro.
A atividade levantou suspeitas de tráfico de
influência, o que o ministro, amigo de longa data da presidente Dilma
Rousseff, nega.
Na ocasião do pedido, o PSDB afirmou que solicitou o processo "em razão
da possível prática de ato atentatório contra os princípios éticos que
norteiam as atividades dos órgãos superiores da Presidência da República
e a quebra de decoro por parte do representado".
Em entrevista à Folha em dezembro do ano passado, Pimentel disse
que informou a comissão sobre seus negócios antes de assumir o cargo no
governo Dilma. Ele teria se afastado da empresa em 10 de dezembro de
2010. Na ocasião, o ministro afirmou ainda que não tinha falado sobre
seus clientes, contratos e valores recebidos à presidente Dilma antes de
tomar posse.
Fonte: Portal Folha.com
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