sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Gestão estratégica de pessoas ainda está só no discurso, diz especialista.

Departamento de Pessoal, Recursos Humanos, Gestão de Pessoas e Gestão Estratégica de Pessoas. Nos últimos anos, as áreas de RH das empresas têm buscado novas maneiras de se definir para mostrar que estão antenadas com os novos tempos. No entanto, essa mudança de nomenclatura pode não passar disso: um modo diferente de definir velhas e antiquadas práticas de administração de pessoal. A opinião é de Pedro Martins, presidente da PM International Consulting, professor e consultor de empresas em 23 países, inclusive no Brasil.

“A gestão estratégica de pessoas, que se tornou uma expressão comum entre os profissionais de RH, é na verdade uma disciplina científica que tem uma orientação muito diversa daquela prática usual de gestão de pessoas. Quando falamos em gestão estratégica de pessoas, nos referimos à gestão do negócio por meio das pessoas, o que implica em práticas e atividades orientadas para o negócio da empresa e, portanto, passíveis de mensuração e avaliação”, assinala Martins.

Diretor do Comitê Científico da ABRH-SP, Martins é autor do artigo “ROI em Treinamento”, que integra o livro colaborativo “Reflexões sobre Treinamento Corporativo”, organizado por Carol Olival Trovó, diretora Pedagógica do Wall Street Institute. Segundo Martins, a visão da gestão estratégica de pessoas deveria levar ao uso do treinamento corporativo orientado às necessidades do negócio e não o treinamento pelo treinamento, como acontece com frequência em muitas empresas que enxergam essa questão apenas como gestão ou desenvolvimento de pessoas.

“Se as pessoas vão ser treinadas em função de determinadas necessidades de negócio, os resultados são passíveis de mensuração e estarão sempre relacionados aos resultados do negócio. Se eu preparo uma empresa para a internacionalização, a medida do sucesso dos treinamentos realizados será justamente a medida do sucesso da internacionalização e não quantos colaboradores foram treinados para essa ação”, diz Martins.

De acordo com o consultor, muitos profissionais de RH costumam assinalar que a atividade de gestão de pessoas tem muito de intangível, mas essa intangibilidade diz respeito às áreas de Recursos Humanos verticalizadas.

“Essas áreas não conseguem avaliar os resultados de ações de treinamento, daí porque usam como principal argumento a questão da intangibilidade das ações de gestão de pessoas. O primeiro a fazer é abandonar esse discurso, pois as dinâmicas empresariais da atualidade exigem uma mensuração de resultados efetiva de todo tipo de ação, inclusive as relacionadas a gestão de pessoas”, enfatiza Martins.

Para alcançar essa mudança, explica Martins, os profissionais de RH precisariam resolver dois problemas essenciais: têm que investir na compreensão da gestão global das organizações para saber como contribuir para os resultados das empresas.

“Entre o pessoal de RH, ainda é uma pequena minoria aqueles que sabem ler um balanço financeiro, que entendem projetos e ações de posicionamento de marca e compreendem de modo efetivo as estratégias comerciais das companhias onde atuam", diz.

"Outro aspecto importante é que os gestores de linha, os gestores operacionais, que não integram o RH, mas fazem gestão de pessoas, tenham uma compreensão ampla de como melhorar o desempenho de suas áreas por meio de uma gestão de pessoas orientada a resultados. O que mais necessitamos no Brasil, hoje em dia, é um cruzamento de competências entre gestão do negócio e gestão de pessoas”, assinala Martins.

País de extremos

Para o consultor, o Brasil tem uma particularidade que o distingue em relação a outros países. “Tenho grande experiência internacional e o que percebo que distingue o Brasil é o fato deste país viver entre extremos. Temos profissionais de ponta, altamente capacitados e preparados, mas temos muita gente sem qualificação ou preparo para a gestão de empresas", diz.

"No meio disso tudo há um vazio enorme. Falta pessoal com nível mediano de formação e isso é algo que só os processos de educação, formação e qualificação podem dar conta”, conclui.

O livro colaborativo Reflexões sobre Treinamento Corporativo reúne vários capítulos que abordam questões relacionadas ao treinamento dos pontos de vista estratégico, tático e operacional nas empresas. Vários autores participam, todos eles com vivência nas áreas de Gestão de Pessoas de empresas e entidades, inclusive professores e consultores.

O trabalho será distribuídos em vários formatos: 2.000 exemplares impressos, formato eletrônico para aqueles que quiserem baixá-lo na internet e até um blog, que está registrando entrevistas em vídeo com os autores. Você pode acessar o blog do livro em www.treinamentocolaborativo.blogspot.com e acompanhar a evolução do projeto.

Fonte: Canal Executivo.

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