quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Rumo à Gestão do Conhecimento.

Nos últimos anos, as empresas viram-se obrigadas a acompanhar uma série de mudanças. Em plena era da informação, as organizações passaram a ser flexíveis evoltaram atenções para a globalização, as pessoas, os clientes, os resultados, osserviços, a tecnologia e o conhecimento. 

Como cada vez mais as empresas se nivelam, os colaboradores tornaram-se o diferencial competitivo, pois são os detentores do conhecimento. O reflexo desse quadro é que o conhecimento virou uma constante preocupação para as organizações. "Chegou um momento em que as empresas começaram a se preocupar com o capital intelectual. É preciso haver ferramentas gerenciais que auxiliem as empresas na tarefa de gerenciar os canais de fluxo de conhecimento e a Gestão do Conhecimento pode ser encarada como um modelo de gestão que melhor se encaixar nessa tarefa"

Devemos enxergar que até à década de 90 as empresas estavam passando por processos de reengenharia, de reestruturação funcional e se vivia o momento de foco na Qualidade Total. Os investimentos, na maioria, eram focados para a Qualidade Total. Com o passar do tempo, as empresas passaram por um processo de nivelamento, onde se havia muita incorporação de Tecnologia de Informação, revisão de processos, entre outras. No Brasil isto não foi diferente. 

As empresas passaram pelas mesmas mudanças, até que chegou um determinado momento onde esses movimentos somente igualaram as empresas e, diante disso, o que passou a gerar o diferencial foi o fator conhecimento. Nos dias atuais isso está se tornando jargão, mas há de se pensar que chegamos em um determinado momento onde as empresas brasileiras começam a se preocupar com algo chamado Capital Intelectual, ou seja, é preciso haver ferramentas gerenciais que auxiliem as empresas na tarefa de gerenciar os canais de fluxo de conhecimento. A Gestão do Conhecimento pode ser encarada como um modelo de gestão - sei que essa expressão pode gerar conflito, mas é minha visão - que se encaixa melhor para esta tarefa. As empresas brasileiras não ficam devendo em nada às organizações estrangeiras quando se trata do tema Gestão do Conhecimento. 

É claro que existem empresas norte-americanas que estão implantando Gestão do Conhecimento de maneira muito mais concisa do que algumas brasileiras. É claro que o poder de investimento de empresas européias faz com que elas caminhem, às vezes, de forma mais veloz do que as empresas brasileiras, mas enxergo que hoje nossas empresas, principalmente as grandes, já navegam nas práticas de Gestão do Conhecimento com bastante eficiência.

É difícil dizer sim ou não quando falamos de um tema que vem sendo tratado há tão pouco tempo. Se compararmos até mesmo com a Qualidade Total, a Gestão do Conhecimento é muito jovem e ainda deve amadurecer muito.

Porém, as empresas brasileiras precisarão entender, um pouco melhor, o que a Gestão do Conhecimento pode trazer de bom.Trabalhando há alguns anos especificamente nessa área, vejo que falta clareza a alguns gestores sobre o que seja Gestão do Conhecimento e como ela apóia uma empresa. Isso faz com que um tema desconhecido, seja conduzido de maneira errônea. Por outro lado, muitas empresas brasileiras têm práticas maravilhosas de Gestão do Conhecimento e geralmente são empresas que amadureceram seus modelos gerenciais e fizeram
incorporações graduais de práticas de Gestão do Conhecimento, sempre aliadas às práticas gerenciais vitais para a empresa.

Primeiramente uma visão do que seja Gestão do Conhecimento. Traga isso para sua vida pessoal e você conseguirá entender bem. Você só investe suas finanças pessoais no que confia que seja bom. Isso não é diferente com as finanças corporativas. Os gestores e os executivos só dedicarão investimentos para Gestão do Conhecimento se tiverem compreensão dos benefícios que ela trará. Independente de que os benefícios sejam tangíveis ou intangíveis, mas há que se mensurar este resultado. Um outro aspecto é a definição melhor do que seja Gestão do Conhecimento. Se você perguntar a quinze pessoas o que é Gestão do Conhecimento, talvez você ouça quinze definições diferentes. Tratar o tema conhecimento e a sua gestão é algo complexo, porque tenho visto que muitas práticas gerenciais têm sido denominadas Gestão do Conhecimento e, às vezes, não seguem algumas premissas da Gestão do Conhecimento. Acredito que o terceiro aspecto seja a maturidade. A grande maioria das empresas brasileiras está começando seus experimentos com a Gestão do Conhecimento e algumas outras empresas estão aguardando para verificar se a Gestão do Conhecimento funciona ou não, quais os fatores críticos de sucesso, os erros, os acertos e tudo mais. Não acredito em investimentos maciços em Gestão do Conhecimento. É preciso que quebremos o paradigma de que Gestão do Conhecimento custa caro. Acredito que os investimentos acontecerão na medida em que o retorno das empresas que investiram começar a aparecer.

Esta é uma visão completamente equivocada. Acontece sim, mas é completamente equivocada. Existem maneiras e maneiras de se fazer Gestão do Conhecimento. Você pode realizar investimentos altíssimos, como pode seguir uma abordagem incremental onde investirá mais gradualmente. Por outro lado, a questão investimento alto é muito relativa. A BMW investiu bilhões de dólares no seu projeto de e-commerce há alguns anos atrás e, em dois anos, obteve retorno sobre o investimento realizado. Outra montadora, que não me sinto confortável em citar o nome, investiu aproximadamente 1/4 do valor da BMW e ainda não obteve retorno sobre o investimento, mesmo depois de quatro anos em funcionamento. Quero dizer que será preciso medir o retorno sobre o resultado e esta atividade não é trivial. No Brasil, contribui para essa visão os investimentos altos que as grandes empresas fazem, mas temos que ver que elas investem muito porque estão jogando pesado. As regras do jogo são duras, então elas podem
investir muito e fazem seus projetos tratando muitas coisas ao mesmo tempo. A outra questão é que para se fazer Gestão do Conhecimento seriamente é preciso mexer com três pilares de sustentação deste negócio: pessoas e cultura; processos de negócio e Tecnologia de Informação. Para tratar estes três pilares é preciso de investimento compatível com os resultados que se quer atingir. Um outro aspecto é o de investimentos feitos de forma incorreta.

É fácil materializar isso. O indivíduo quer fazer um projeto de Gestão do Conhecimento e aí, antes de qualquer planejamento ou sensibilização de pessoas, ele procura os "Sistemas de Gestão do Conhecimento", como se isso existisse. Aí, os fornecedores de tecnologia são melhores vendedores do que os de Gestão do Conhecimento e vendem barbaridades. O que acontece: antes de qualquer coisa acerca de Gestão do Conhecimento a empresa já investiu milhares de dólares em infra-estrutura tecnológica.

Tenho crença de que essa área irá crescer de forma considerável. Não tenho a ingenuidade de pensar que isso se dará em curto prazo, mas em médio prazo essa área terá crescimento considerável. Nos dias de hoje, estou certo de que o mercado potencial é muito maior do que o mercado realizado e a tendência é que profissionais e empresas iniciem suas apostas nessa área de modo mais consistente. Recentemente, tive a honra de participar em dois grandes congressos onde eu fiz uma exposição sobre o panorama do mercado de Gestão do Conhecimento. O Delphi Group apresentou pesquisa com previsão de investimento de nove bilhões dólares, em Gestão do Conhecimento, nas empresas. Essa pesquisa incluiu os países europeus, os EUA e a América Latina. A Fundação Getúlio Vargas coordenou uma pesquisa onde o alvo foi as empresas brasileiras que estavam entre as "500 Maiores" eleitas pela Fortune e somente 15% dessas possuem práticas consistentes de Gestão do Conhecimento. O Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE), da COPPE/UFRJ, realizou pesquisa onde somente 20% das empresas iniciaram interesse por Gestão do Conhecimento há mais de dois anos. Enfim, muitos dados apontam para o crescimento nessa área. Cabe a nós, profissionais que enveredaram por entender melhor e aplicar a Gestão do Conhecimento nas empresas, que apliquemos bem estes conceitos e mostremos resultados para que esse tema não caia no
descrédito. Tenho estudado, há alguns anos, sobre a diversidade de conceitos existentes para a Gestão do Conhecimento e as diversas abordagens de autores renomados. É grande a quantidade de conceitos existentes, muito grande. São conceitos complementares, muitas vezes tratam a Gestão do Conhecimento por partes e não como um modelo e para nosso espanto, muitas vezes, são diametralmente opostas. Então, sempre associo muito a questão de referência deste tema como uma condicionante de crescimento desse mercado.

nome é Gestão do Conhecimento ou porque quer se gerenciar algo de difícil -Neste ponto você me colocou em uma sinuca de bico (risos). Não posso lhe dizer que não, porque isso não é uma verdade absoluta, mas se eu disser que sim, também não estarei sendo verdadeiro. Ainda há um segundo aspecto peculiar que se chama incompetência gerencial. Atualmente, é comum ouvirmos que tal prática de gestão não deu certo em uma empresa porque a cultura dela não é propícia. Com isso quero dizer que, atualmente, a cultura organizacional tem sido "culpada" por coisas que não deveria ser, mas tratando este ponto central, que é a cultura das empresas, eu diria que as empresas brasileiras ainda não estão de todo preparadas para a maioria das práticas de Gestão do Conhecimento. Não é porque o conhecimento - mas, é pela questão da intangibilidade que estas práticas possuem.

Se você traçar um paralelo com a gestão de ativos tangíveis, verá que as empresas caminham bem com relação a isso. Pense em uma indústria ou em uma empresa que atue no segmento de varejo ou comércio. Essas empresas administram muito bem seus estoques de matéria-prima e produto acabado, por causa da tangibilidade que isso possui. Estas empresas investem com pouco receio em ferramentas gerenciais para tratar bem os seus estoques, compram sistemas de informação caros, desenham e otimizam seus processos porque conseguem verificar o retorno do investimento que fizeram. Para a Gestão do Conhecimento isto é complexo demais, porque os executivos sentem receio em investir em algo que não se tem previsibilidade de retorno. Isto é uma parte da questão da cultura. Um segundo ponto é a falta de conhecimento sobre Gestão do Conhecimento. Sendo assim, fica difícil conduzir gerencialmente práticas sobre as quais você não tem domínio. Fica muito complexo para um gestor, fica desconfortável para ele conduzir
e propor métodos sobre os quais não tem conhecimento. Um terceiro fator é a questão da competitividade interna. O mesmo processo de aumento de competitividade que as empresas estão sofrendo, os colaboradores também estão sofrendo, sendo que internamente, e isso faz com que você seja levado a pensar duas vezes antes de "compartilhar" seu conhecimento com seu par de trabalho. Conhecimento não é o diferencial competitivo das organizações? Então, esta máxima vale para os colaboradores e este é um paradigma a se quebrar. Teriam outros
fatores a explorar como recompensa e motivação, coerência entre o discurso e a prática, práticas gerenciais mensuráveis, participação e envolvimento, entre outros.

Não. A Gestão do Conhecimento é acessível a todo e qualquer tipo de empresa. Posso citar, como exemplo, a empresa onde atuo como consultor, a Informal Informática. Temos cerca de 40 colaboradores e temos praticado a Gestão do Conhecimento como um fio condutor gerencial para nossa atuação no mercado. Temos um ciclo de plano estratégico, mantido metodologicamente. Temos mapeamento de competências e desenvolvimento profissional baseado em gaps de competências. Temos Intranet, memória técnica de projetos, metodologia e software para gestão de projetos. Contamos com um sistema de gestão de alocação de recursos humanos. Temos ciclo de palestras para compartilhamento de conhecimento, além do mapeamento de processos. Não temos organograma, rompendo com, pelo menos, meio século de administração de empresas tradicional. Estamos organizados por células de trabalho. Estamos começando a organizar escritório de projetos, enfim, uma série de práticas de Gestão do Conhecimento. Investimentos? Sim! Mão-de-obra qualificada. Tecnologia de Informação sob demanda e processos bem definidos. Existe um livro, editado pelo Sebrae, que mostra muitas pequenas e médias com práticas de Gestão do Conhecimento. É outro paradigma que os profissionais de Gestão do Conhecimento terão que quebrar.

Estamos falando aqui de duas coisas. Conhecimento é a primeira e informação é a segunda. Com relação à informação, diria que esta é insumo básico para a gestão. Nos dias atuais, gerenciar por feeling não é muito indicado. Então, a informação é insumo para a boa gestão. Nesse sentido, as empresas estão se organizando através da montagem de ambientes de informações, gestão de informações, sistemas gerenciais e estamos dando um salto quantitativo que separa informação e Tecnologia de Informação. Isso está sendo um avanço e tanto. Com relação ao conhecimento, ainda estamos tendo dificuldade porque isso é relativamente novo. Estamos vendo como aplicar isso nas empresas. Estamos testando modelos. Os resultados estão começando a aparecer e são promissores, mas é preciso que amadureçamos mais. Por outro lado, vejo muito no mercado a visão de que Gestão do Conhecimento é pegar o que você sabe, pegar o que eu sei e "explicitar" armazenando em uma base de dados. Isso, por si só, está longe de ser Gestão do Conhecimento. É preciso que tenhamos a concepção de não só o conhecimento explícito precisa ser gerenciado, até porque só este o pode ser, mas precisamos também tratar o tácito. Não adianta lhe pedir para escrever como você consegue consertar uma máquina. Não adiante lhe pedir para escrever como se gerencia uma linha de produção. Este Conhecimento as empresas têm perdido, infelizmente, e nós estamos quase chegando lá. As comunidades de prática estão em ênfase neste momento porque são mecanismos para tratar o conhecimento tácito. Enfim, estamos chegando lá. E não estamos caminhando mal não, muito pelo contrário.

Não existe solução que eu possa dizer que seja boa ou ruim. Para cada problema existe uma solução e a Gestão do Conhecimento deve ser assim. Uma solução que pode resolver a todos estes problemas é a criação de massa crítica em Gestão do Conhecimento. Neste sentido, as pessoas precisam estudar, precisam entender, precisam saber lidar com este tema. Os executivos precisam entender como isso pode ser aplicado. Os profissionais precisam saber como mensurar
resultados.

 Fonte: Portal TW Services.

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