O engenheiro nortea mericano Frederick WinslowTaylor (1856-1915), considerado um dos fundadores da Administração de Empresas, criou uma nova ordenação do trabalho, mais adequado à economia industrial, em oposição ao modo um tanto errático da produção pré-capitalista. A concepção taylorista de divisão do trabalho possibilitou então a produção em escala e a elevação contínua da produtividade. Conceito que foi adotado por Henry Ford, inventor da linha de montagem e responsável pela incrível peripécia de 15 milhões de veículos produzidos entre 1908 e 1926. Depois disso, e ao longo do século XX, os norte-americanos discutiram, elaboraram, experimentaram e implantaram inúmeras inovações no campo da administração. Os Estados Unidos se tornaram o mais rico celeiro de idéias criativas para a administração e, não por acaso, a economia mais forte do mundo. De Elton Mayo a Peter Drucker. Da indústria automobilística ao Vale do Silício
“Nas empresas brasileiras, a criatividade e a inovação se fazem mais presentes nos discursos dos departamentos de recursos humanos. Na prática mesmo, o espaço de liberdade para criação é ainda reduzido” |
Mas os norte-americanos não caminharam sozinhos durante o apogeu do capitalismo industrial, que ocorreu no século XX. Europeus e japoneses também mostraram sua força. Do outro lado do mundo, ainda na década de 1960, o engenheiro Ohno, diretor da fábrica de automóveis Toyota, enunciava suas reflexões que iriam revolucionar a indústria japonesa e surpreender o ocidente industrial. Com a “fábrica mínima” e a “administração pelos olhos”, o Toyotismo ensinou como produzir com qualidade em qualquer escala. Já na Europa Ocidental, a pujança de suas indústrias, com modelos inovadores de gestão, foi também considerável, do volvismo da Suécia ao associativismo do norte italiano. A crise de 2008, entretanto, mostrou que todas essas economias, que se enriqueceram ao longo do século passado, necessitam urgentemente de novos aprimoramentos e novo sopro de inovação.
Se as economias de grande sucesso econômico tiveram o elemento comum da inovação gerencial, é notável a ausência de uma proposta de administração genuinamente brasileira. País de empresários corajosos e diligentes, malgrado o ambiente hostil ao empreendedorismo, o Brasil ainda não conseguiu formular seu padrão de administração, que ressalte as especificidades culturais, a exemplo do que fizeram nações como Japão, Suécia ou EUA. Qualidades culturais nacionais que resultem em diferenciais competitivos. O Brasil ainda deve uma revolução no campo da gestão, que valorize a indiscutível criatividade de sua gente, que estimule soluções gerenciais originais e que democratize o acesso às decisões empresariais e ao empreendedorismo em geral.
Produtos nacionais de maior sucesso mundial, que expressam com toda força a genialidade brasileira, possuem raízes na cultura popular, com praticamente nenhuma influência da administração profissional brasileira. Bem ao contrário, freqüentemente estão ligados ao que há de pior em termos gerenciais. É o caso da música, do futebol, do carnaval e das artes populares em geral. Se o notável talento brasileiro já permeia também algumas áreas da Ciência, o mesmo não se pode dizer do campo da gestão, que de forma geral ainda se prende a modelos importados, mal adaptados, autoritários, anacrônicos ou totalmente amadores. Nas empresas brasileiras, a criatividade e a inovação se fazem mais presentes nos discursos dos departamentos de recursos humanos. Na prática mesmo, o espaço de liberdade para criação é ainda reduzido. No âmbito das escolas, por outro lado, o desafio está em contextualizar nacionalmente a pesquisa na Administração de Empresas, em se conectar globalmente sem cair no peleguismo metodológico, na cópia barata e mal feita de escolas estrangeiras. A força competitiva de um modelo brasileiro de administração residirá justamente no reconhecimento dos atributos culturais do País.
Fonte: Gestão & Negócios
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