Em seminário realizado na manhã do dia 12 de novembro na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), Paul Makeham, chefe da Performance Studies da Faculdade de Indústrias Criativas da Queensland University of Technology (Austrália), afirmou que é preciso romper o paradigma de que a economia criativa é algo ligado somente a artes, quando na verdade é algo intrínseco na economia global. A economia criativa é responsável por 10% da economia mundial e movimenta US$ 3 trilhões. “Crescendo a um percentual de 8% por ano, estima-se que o setor irá movimentar US$ 6 trilhões em 2020”, afirma Makeham.
A Faculdade de Indústrias Criativas trabalha com cursos interdisciplinares que se cruzam em um determinado momento de acordo com as escolhas do aluno. O trabalho é feito de maneira colaborativa em um ambiente baseado em situações de trabalho, onde o aluno pode aplicar diferentes habilidades. “Nós já chegamos a segunda geração do conceito de criatividade, que antes estava conectada somente a arte e hoje já passa por outras áreas e disciplinas”, explica Makeham. E os números da universidade são expressivos: 90% dos graduandos na Faculdade de Indústrias Criativas estão no mercado de trabalho 12 meses depois de formados, e seis cursos estão entre os 13 cursos mais procurados.
Durante o evento foi assinado um termo de parceria entre o Centro Universitário Senac e a Queensland University of Technology no qual foi estabelecida a cooperação da universidade australiana na formação do primeiro curso de economia criativa do Brasil. O seminário também foi o primeiro organizado pelo recém criado Conselho de Economia Criativa, que terá a frente o economista Adolfo Melito. Segundo o economista, nós temos uma série de problemas relativos a gestão. “Está claro que na guerra de competividade entre empresas, a responsabilidade social e a sustentibilidade vieram para ficar e quem está no comando é o consumidor”, afirma. “Nós temos dentro das empresas alguns inimigos da inovação. Se não conseguirmos mudar caracteristicas e formas de gestão dentro das empresas, elas não serão criativas."
A proposta do Conselho de Economia Criativa é colocar o País entre os cinco primeiros em competitividade, criar um índice que meça a criatividade e inovação das empresas. A história recente mostra, segundo Makeham, que as políticas de desenvolvimento que abrigam os princípios da indústria criativa têm sido muito bem sucedidas em trazer vida nova para as economias em decadência. “Criatividade é um recurso humano que se ajusta à atividade econômica, muito diferente de, digamos, das indústrias primárias”, explica.
O governo eleito também foi citado durante o seminário, que teve como tema principal a economia criativa e a educação. Para Melito, o fato de a presidente eleita Dilma Roussef ter dito que terá como foco a educação é algo fundamental se queremos uma evolução no Brasil. “Tendo ouvido o discurso de Dilma, eu percebo que ela tem a noção exata do que precisa ser feito. Porém, nós temos problemas de recursos e vamos precisar de criatividade do governo para solucioná-los”, destacou. Gil Giardelli, Ceo da Gaia Creative, a meta do educador nesse mundo é ser um facilitador. “As ideias e inovações nascem de grupos, e na economia criativa o trabalho colaborativo é fundamental. O maior negócio do século 21 é o open source (código aberto)”, afirma. Um exemplo disso é a Oficina Tempo e Espaço, que reúne e estimula crianças de 5 a 15 anos a descobrir e inventar coisas.
Fonte: Revista Consumidor Moderno.
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