quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Custos menores popularizam empresas júnior.

Entidades estudantis conquistam maior espaço no mercado de consultorias e servem de opção principalmente para pequenas e médias empresas

A Mauá Júnior, do Instituto Mauá de Tecnologia, especializada em estudos de especificações para normas técnicas e desenvolvimento de análise para mediar a durabilidade dos produtos, concentra suas atenções, atualmente, em um projeto de uma empresa chinesa que fabrica pentes para cabelos. Para comercializar o produto aqui no Brasil, a chinesa precisa mostrar aos órgãos do governo quais são as especificações técnicas. “Assim que a Mauá Júnior concluir os estudos de especificação, a fabricante de pentes terá a aprovação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para colocar o seu produto no mercado brasileiro. O projeto deve ficar pronto em três meses”, explica Desirée Ramos, diretora-geral da Mauá Júnior.

O caso da Mauá Júnior ilustra bem a popularização que essas “empresas piloto” estão adquirindo no Brasil. O baixo custo de serviços prestados, aliado à boa qualidade acadêmica e à dedicação profissional, tem impulsionado a procura de companhias interessadas na contratação das empresas juniores. No geral, são gerenciadas por universitários que realizam projetos e serviços em suas áreas de atuação.
 
Com prestação de serviços de consultoria, planejamento estratégico e marketing empresarial, as empresas juniores — associações sem fins lucrativos — têm conquistado um espaço cada vez maior no mercado e desempenhado papel importante, especialmente para pequenas e microempresas. Tanto que os grandes grupos começam a contratá-las. Apesar de não serem os principais clientes, empresas como Camargo Corrêa, FedEx e Unilever já utilizaram os serviços das juniores para que elas desenvolvessem projetos pontuais.
 
A vantagem da empresa ao contratar uma consultoria júnior é o custo. O preço do serviço chega a um terço do que é cobrado por uma consultoria. No caso da Mauá Júnior, os clientes são empresas de pequeno e médio porte dos segmentos químico, de construção civil, de mecânica e automação e de alimentos.
 
“Estimamos haver no Brasil, atualmente, cerca de 600 empresas juniores, porém apenas 120 são confederadas, já que elas precisam atender um crivo de qualidade mínima para integrar a confederação do setor.
A soma do faturamento dessas empresas, das quais aproximadamente 30% estão no Estado de São Paulo, é próxima dos R$ 3 milhões por ano e este número tem crescido 22% nos últimos anos”, avalia José Frederico Lyra Netto, presidente da Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior).
Vantagens
 
“Ao contratar uma empresa júnior, ao invés de uma consultoria já especializada no mercado, a economia pode chegar a 500%”, explica Vinicio Cesar Pensa Junior, vice-presidente da Empresa Júnior da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA Júnior-USP). “Geralmente, nossos projetos são realizados em três ou quatro meses e custam, em média, R$ 2 mil, por mês. Nossos custos são muito baixos comparados aos de outras empresas, que cobram até R$ 30 mil por projeto”, explica Junior.
 
A empresa prevê terminar 2006 tendo prestado 12 consultorias, número bem superior ao de 2004, quando a empresa realizou cinco projetos. “Temos um histórico bastante forte, já nos estabelecemos no mercado e não precisamos buscar clientes. Atendemos variados tipos de empresas, de fábricas de prego a clínicas de massagem”, avalia o vice-presidente.
 
A Empresa Júnior Fundação Getúlio Vargas (EJ-FGV), que reúne estudantes de Administração, Economia e Direito, é outra entidade que tem crescido e expandido seus projetos de negócios. Com 55 membros que se organizam em estrutura idêntica à de uma consultoria profissional, a entidade foca pequenas e médias empresas e empreendedores.
 
“Desenvolvemos serviços de consultoria e planos de negócios para lançamento de produtos e mesmo de empresas. No entanto, nossas especialidades são os projetos de marketing e finanças, em que estudamos a viabilidade dos negócios e suas especialidades. A empresa proporciona aos estudantes os contatos com coisas novas no mercado e para as empresas é bom contar com pessoas que ainda não têm vícios de mercado”, explica Marina Cardoso Del Monte, diretora de marketing em 2006. Com média de faturamento anual de R$ 200 mil, a EJ- FGV já foi responsável por contas do Unibanco e da Danone.
 
De acordo com Leonardo dos Santos Rodrigues, diretor comercial da Empresa Junior Mackenzie Consultoria, esse tipo de entidade faz concorrência a outras empresas do ramo. “Com serviços de qualidade, preços baixos e até 15 vezes mais baratos que os de outras consultorias, conquistamos cada vez mais mercado e oferecemos um projeto que cabe no bolso do pequeno empreendedor”, diz o diretor, cuja empresa já atendeu grupos como o Sony Pictures. Confirmando o desenvolvimento da maioria das empresas juniores, a entidade do Mackenzie também cresce cerca de 30% ao ano e registra faturamento anual de R$ 140 mil.
 
Como são associações sem fins lucrativos e não há o pagamento de salários aos estudantes, o faturamento das empresas juniores costuma ser revertido a investimentos na própria entidade, como treinamentos, palestras, integração e custos operacionais.
 
Além da prestação de serviços para pequenas e médias empresas, as associações estudantis também atuam junto ao terceiro setor, por meio de projetos voltados para organizações não-governamentais. 
 
Fonte: Revista Contábil & Empresarial.
 
 

Nenhum comentário: