quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Gestão do Stress Ocupacional.

Tem como objetivo primário aferir a incidência do Stress Ocupacional nas organizações e avaliar as situações e os factores que contribuem para o seu desenvolvimento. Inicialmente será exposto o Conceito de Stress e analisados os modelos teóricos relacionados com esta temática, bem como os seus antecedentes e causas. Expõem-se em ainda as consequências do Stress sobre os indivíduos e as organizações. Por último, serão também apresentados programas de gestão do Stress Ocupacional, quer de ordem preventiva quer interventiva, bem como formas de eliminar e reduzir o Stress.
  

O Stress tornou-se numa das principais áreas de preocupação das sociedades mais industrializadas, sendo já um modo de vida assumido e aceite que foi evoluindo ao longo dos tempos e chegou aos dias de hoje como um fator responsável pela diminuição da qualidade de vida das pessoas.
 

A Gestão do Stress, é um tema muito importante para as organizações, e como tal, deve ser integrada na definição da estratégia organizacional.
 

Em termos práticos, os gestores devem dar especial atenção às situações relacionadas com o stress, visto que os fatores a ele associados influenciam diretamente os níveis de produtividade e o sucesso organizacional.
 

Para que organização possa oferecer aos seus clientes serviços e produtos de qualidade, é fundamental que proporcione boas condições de trabalho e qualidade de vida aos seus colaboradores, evitando expô-los a elevados níveis de stress.
 

O principal objetivo deste artigo é auxiliar os profissionais na área da Gestão de Recursos Humanos, no tratamento de fatores relacionados com a Gestão de Stress, de forma a criar valor acrescentado, para a organização onde trabalham e maximizar as suas práticas, políticas e ferramentas organizacionais


A “Investigação governamental britânica sugere que a maior parte das empresas acredita que os colapsos ou distúrbios psicológicos são uma prova de fraqueza ou de incapacidade para aguentar trabalho desafiante. A sua resposta é verem-se livres das pessoas.”
O Stress está intimamente relacionado com a carga mental associada normalmente ao trabalho e é causado por um desajuste entre o indivíduo e o trabalho, pelos diferentes papéis que o indivíduo tem de desempenhar e pela falta de controlo sobre a sua vida e sobre o trabalho.
 

As exigências do quotidiano, as necessidades, as metas e os objectivos que se pretendem atingir, os prazos a cumprir, as expectativas que os outros têm sobre nós, etc., são factores que potenciam o desencadear do stress.
 

O termo Stress muitas vezes é utilizado para descrever os sintomas produzidos pelo organismo como reposta à tensão provocada pelas pressões e situações que as pessoas enfrentam.


O estresse decorrente de quaisquer circunstâncias que ameaçam ou são percebidas como ameaçadoras do bem-estar da pessoa e que minam a capacidade de enfrentamento do indivíduo. A ameaça pode afetar a segurança física – imediata ou mediata – a reputação, auto-estima, tranquilidade ou aspectos que a pessoas valorize ou deseje manter.


A primeira definição de Stress foi feita por Hans Selye em 1980 para representar a propensão do organismo para reagir de forma idêntica a estímulos diversos.
 

O Conceito Stress tem vindo a evoluir ao longo dos tempos e está a tornar-se um problema cada vez maior para as organizações, devido à ocorrência da complexidade do trabalho, devido às mudanças e transformações que as mesmas têm sofrido, das incertezas provocadas por essas mesmas mudanças, da carga de trabalho intensa, das responsabilidades acrescidas que são imputadas aos trabalhadores, etc.
 

O stress advém, assim, do desajuste entre o nível de estímulo desejado pelo indivíduo e o nível de estímulo que ele interioriza subjacentemente.
 

O Stress tem sido estudado como estímulo, como resposta ou como interacção entre o estímulo e resposta, sob a forma de desequilíbrio entre a pessoa e o seu meio envolvente.  

Referiu que nem sempre as reacções ao stress são más, sendo mesmo necessário um certo nível de stress para a motivação, o crescimento e desenvolvimento individual.”
 

O Stress normalmente é referido em três níveis:
 

Eustress ou Stress Saudável:

 

Este nível de stress está inerente à motivação suscitada pelos desafios profissionais e duma atividade produtiva e propiciadora de realização, o qual acarreta um sentimento de bem-estar.


Distress ou Stress Disfuncional:

 

O Distress é característico das situações de não cumprimento das exigências das tarefas e outras solicitações que dão origem a consequências de vária ordem: insatisfação, cansaço e doenças físicas e psíquicas, entre outras.
 

Esgotamento ou Burnout:

 

O esgotamento decorre de uma situação de total exaustão física, mental e emocional, fortemente condicionadora das tarefas diárias, originando um estado de depressão e fadiga física grave.


Principais Causas do Stress no Trabalho:

 

• Sobrecarga do trabalho;

 

• Pressão do tempo e urgência;
 

• Supervisão de baixa qualidade;
 

• Clima de insegurança;
 

• Autoridade inadequada na delegação de responsabilidades;
 

• Ambiguidade de papéis;
 

• Diferenças entre os valores individuais e organizacionais;
 

• Frustração;
 

• Mudanças dentro da organização;
 

• Não evoluir na carreira, etc.
 

Stressors Organizacionais
 

Existem uma grande variedade de factores stressantes, nomeadamente as características do papel, as características da tarefa, o estilo de liderança, as relações de trabalho, a estrutura, o clima organizacional e as condições físicas de trabalho.


Stressors Extraorganizacionais

 

As ocorrências da vida podem ser importantes fontes de pressão. As circunstâncias da vida (individual, familiar ou social) podem induzir níveis mais ou menos elevados de stress e provocar problemas na saúde física e psicológica dos indivíduos. Mas os factores do dia-a-dia, podem também ser altamente stressantes.
 

Os problemas do quotidiano extra-laboral não ficam fora da organização e os problemas do âmbito organizacional não se podem prender no seio da organização, impedindo-os de influenciarem a vida pessoal dos indivíduos.


Como se Manifesta o Stress:

 

Antes de surgirem as queixas a longo prazo, o nosso corpo e a nossa mente enviam sinais de alerta para os perigos iminentes. Por isso, é importante reconhecer a tempo os sinais para ultrapassar ou evitar o stress. É necessário identificar os factores que contribuem para potenciar e desenvolver o stress, para que se possa intervir atempadamente.
 

O Stress pode manifestar-se de diversas formas, tais como:

 

• Absentismo;
 

• Rotatividade;
 

• Baixas médicas;
 

• Dificuldades de relacionamento inter-pessoal;
 

• Isolamento;
 

• Depressão;
 

• Debilidade Física e Psíquica;
 

• Dificuldades em priorizar objectivos e gerir o seu tempo;
 

• Maior probabilidade para acidentes de trabalho;
 

• Menor satisfação profissional;
 

• Problemas familiares;
 

• Menor rendimento e produtividade;
 

• Agressividade e violência no trabalho;
 

• Falta de comunicação;
 

• Falta de concentração;
 

• Desgaste psicológico;
 

• Maior esquecimento;
 

• Diminuição da paciência, boa disposição e bem-estar;
 

• Alterações no comportamento e relacionamento com os membros da organização.

 

Os sintomas de stress podem ser de ordem psicológica, física ou comportamental.
 

SINTOMAS PSICOLÓGICOS:
 

• Lapsos de memória; 


• Irritabilidade;
 

• Perturbações do sono / Insónias;
 

• Nervosismo;
 

• Ansiedade;
 

• Depressão;
 

• Apatia;
 

• Fadiga;
 

• Alterações de humor;
 

• Insatisfação no trabalho.

 

SINTOMAS FÍSICOS:
 

• Alterações no ritmo cardíaco;
 

• Pressão arterial;
 

 • Dores de cabeça e musculares;
 

• Problemas de concentração;
 

• Boca seca;
 

• Falta de apetite;
 

• Problemas de digestão;
 

• Problemas respiratórios;
 

• Fragilidade do sistema imunológico.
 

SINTOMAS COMPORTAMENTAIS:
 

• Maior tendência para o autoritarismo e punição;
 

• Aumento do número de erros;
 

• Absentismo;
 

• Comportamentos anti-produtivos e maus relacionamentos


Os gestores, ao terem percepção dos graves problemas que o stress pode causar, não só para os colaboradores, como também para a organização, devem adoptar e implementar medidas para reduzir e eliminar o mesmo.
 

Destacam-se algumas medidas, tais como:
 

• Compreender os efeitos negativos desta problemática;
 

• Perceber as necessidades e problemas dos seus colaboradores, dentro e fora da organização;
 

• Orientar os colaboradores, para que não descarreguem os seus sentimentos / ressentimentos sobre os outros;
 

• Acompanhar e aconselhar os colaboradores de uma forma contínua;
 

• Ser pacifico, não julgando nem pressionando;
 

• Integrar práticas de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho;
 

• Definição e aplicação de estratégias, no âmbito da SHST, baseadas na informação;
 

• Proporcionar apoio psicológico, no sentido de aumentar a satisfação e qualidade de vida no trabalho;
 

• Criar dentro da organização, a normalização de procedimentos de combate ao stress, partilhando esta informação com todos os colaboradores;
 

• Estabelecer e implementar medidas preventivas e interventivas, no que respeita ao stress ocupacional;
 

• Adaptar o trabalho ao indivíduo;
 

• Implementar programas de Ginástica Laboral, massagens, SPA, entre outras, para ajudar a minimizar os impactos negativos dos requisitos do trabalho, e permitindo que os colaboradores possam relaxar e descontrair;
 

• Intervenção clínica, nomeadamente a criação de um gabinete específico, com profissionais especializados no âmbito organizacional, auxiliando e acompanhando situações delicadas e potenciadoras de stress.
 

 

Compreensão e consciencialização sobre os aspetos relacionados com a deterioração da qualidade de vida no trabalho potenciada pelo stress ocupacional e os prejuízos que isso acarreta, quer para as organizações quer para os indivíduos que nela trabalham.
 

As causas do stress ocupacional são uma constante nas organizações, as exigências aos mais diversos níveis impostas por uma sociedade desenvolvida e altamente consumista e competitiva leva os colaboradores a um maior investimento e envolvimento pessoal para fazer face a essas mesmas exigências, acarretando um elevado desgaste físico, mas sobretudo emocional.
 

As organizações lutam por aumentar a produtividade e reduzir os custos, nesse sentido tudo fazem para alcançarem esses objectivos, exercendo excessiva pressão psicológica aos seus trabalhadores.
 

A atual situação económica que o país atravessa, as elevadas taxas de desemprego e outras fontes de pressão, relacionadas com a vida pessoal, poderão propiciar e aumentar a existência de stress. No entanto, as causas potenciadoras de stress não se devem exclusivamente aos fatores anteriormente referidos, mas dependem sobretudo de um conjunto de características pessoais, de personalidade e situacionais, que podem atenuar ou potenciar o stress nos indivíduos a ele expostos.
 

Entre as principais consequências negativas, destacam-se os problemas físicos, psicológicos e comportamentais.
 

Não são apenas os indivíduos que sofrem com as consequências negativas do stress, mas também as organizações, nomeadamente no que se refere à produtividade que diminui significativamente, ao aumento dos erros e acidentes de trabalho, à elevada taxa de absentismo.


No que respeita aos elevados custos organizacionais, como consequência do stress ocupacional, as organizações devem procurar implementar e desenvolver estratégias de Gestão de Stress, preventivas e interventivas, de modo a melhorarem a qualidade de vida e a performance dos seus colaboradores. 


Fonte: Portal RH. 

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